Páginas

terça-feira, 26 de abril de 2011

Natureza Morta (José Gomide)

A cesta cheia de frutas sobre a mesa
Maçãs, bananas, limões, mexericas.
Vermelho, amarelo, verde, laranja.

Apanho uma mexerica
Rasgo sua casca
Desnudo sua entranha
Laranja, polpa granulada.

Desfaço seus gomos
Duros, úmidos, grandes
Saboreio o suco laranja
Da mexerica que atiça
Meu senso gustativo.

No ar o cheiro de sua casca…
Inda voa, ainda paira
Misturando-se com seu sabor
Doce, azedo, passado.

No último gomo...
O gosto não é mais o mesmo
O cheiro esvanece a esmo
Redondo, não é mais o pomo.

Restam as sementes
Planta-las-ei?

Seu destino natural é...
Fecundar a terra, nascer um pé
De laranjas mexericas
Que nas línguas se aticem,
Que nas feiras se vendem,
Que nestas linhas se prendem
Nos versos , meus, sem cor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário